Cinco anos atrás, Erlon Joe dos Santos decidiu largar de vez a vida incerta do futebol profissional para abraçar um emprego fixo em Lages, a cidade que o acolheu como mãe. Aos 34 anos, cansado de atrasos de salários e promessas não-cumpridas, Erlon pendurou as chuteiras.
Não era exatamente uma despedida melancólica. Afinal, Erlon, sempre de alto astral, não é de deixar a melancolia se instalar no ambiente em que ele está. Mas também não foi um adeus dos sonhos. Um jogador que passou pela seleção brasileira sub-20 (onde atuou ao lado de ídolos como Marcos e Vampeta) e jogou quatro anos no futebol alemão estava deixando os gramados na pouco glamourosa segunda divisão do campeonato catarinense.
Em 2013, a convite da direção do Inter, Erlon, hoje com 39 anos, teve mais uma chance. No convite, não foi dada garantia alguma de que o jogador teria vaga no time - ou sequer de que permaneceria no grupo depois da chegada do treinador Nasareno Silva. A condição era de ele entrar em forma para ser testado. Se fosse aprovado, permaneceria.
Erlon foi aprovado pelo treinador e ficou no grupo. Neste domingo, no jogo contra o Jaraguá, marcou, nos acréscimos, o gol que evitou a derrota do time em sua primeira partida em casa no ano.
A carga de emoção acumulada era tão grande que Erlon chorou no gramado, na frente das mais de 2,5 mil pessoas que foram ao estádio ver o time, quando comemorou o gol. O Inter ainda quase virou a partida.
Depois do jogo, em entrevista à Rádio Guri, Erlon deu a medida do que essa segunda chance de ter um fim de carreira mais digno de sua categoria representa para ele. "Para mim, vestir a camisa do Inter é a mesma coisa que vestir a da Ponte Preta (time do coração de Erlon) ou da seleção brasileira", afirmou o zagueiro. "Eu amo o Inter. Eu amo Lages." A recíproca é verdadeira.