O que a gente não faz por amor?

Os dirigentes queriam promover a decisão (do Campeonato Catarinense de 1965) de todos os modos possíveis, agitar a cidade – e agito, sabiam-no todos, era com Vivaldino Athayde. Viva, que então respondia pelo departamento de propaganda do clube, teve uma ideia que julgou revolucionária: estender, de uma torre à outra da Catedral Diocesana de Lages, uma faixa gigante como uma espécie de último aviso. Quando os fiéis fossem à igreja para a Santa Missa na manhã de domingo, já do largo em frente à matriz poderiam ler a convocação: "Inter e Metropol. Todos ao Estádio".

Para colocar a ideia em prática, Viva convocou o colaborador e coloradíssimo Luiz Rosa, a quem deu a missão de consultar a autoridade eclesiástica ou seus representantes. Luiz foi à Catedral ter com o sacristão Sebastião Waltrick Farias, que informou que o bispo Dom Daniel Hostin, o único que poderia autorizar o pedido, estava internado no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres. Persistente, Luiz Rosa foi ao hospital e conversou com a Irmã Diretora, que não permitiu acesso ao paciente, mas foi fazer a inusitada consulta com Dom Daniel. "Ele disse que você só pode estar louco", disse a irmã ao missionário de Viva.

Apesar da negativa do bispo, o Inter recebia apoio constante de um jovem padre apaixonado por futebol. João Oneres Marchiori frequentava o Vidal Ramos de batina e torcia fervorosamente pelos colorados. Em 2010, já como Bispo Emérito de Lages, perguntado se aceitaria o pedido de estender a faixa entre as torres, Dom Oneres respondeu sorrindo: "Ora, o que a gente não faz por amor?"