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'Em 1986, foi a Jurandir que, segurando o choro, pedi o primeiro autógrafo da minha vida' (Foto: arquivo)

'Obrigado, maestro': uma homenagem a Jurandir, campeão da Taça Dite Freitas

26/06/2019

O homem que comandou o meio-campo do Inter em uma das maiores conquistas da história do clube morreu nesta quarta-feira em Porto Alegre

Por Mauricio Neves de Jesus*

"Parece que o Inter vai contratar o Jurandir”, disse um dos que esperavam pelo corte de cabelo no Salão Irmãos Buck, na Rua Coronel Córdova, quase em frente ao prédio dos Correios, em uma tarde de inverno de 1984. Eu estava na cadeira sendo atendido por um dos Buck, o saudoso Perereca, que, entre tesouradas, disse que, se fosse verdade, o Inter teria a melhor meia-cancha do estado.

Eu tinha 11 anos de idade, e o Salão Irmãos Buck era onde eu ia em busca de informações sobre futebol. Quando não para cortar o cabelo, passava lá para comprar a Placar ou um doce de amendoim na bombonière da entrada da barbearia. Depois, ficava à espera da chegada de figuras ilustres como Camargo Filho, Capitão Lindolfo ou Vivaldino Athayde. Sempre saía bem informado.

Mais tarde, na Rádio Clube, Mário Motta entrevistou o presidente do Inter de Lages, Antônio Ceron, quer confirmou a boa nova: Jurandir era jogador colorado. Campeão gaúcho e brasileiro pelo Grêmio, Jurandir vinha de um ótimo campeonato brasileiro da primeira divisão pelo Brasil de Pelotas comandado por Luiz Felipe Scolari. Sua estreia foi em um amistoso contra o Inter de Porto Alegre (foto), no Tio Vida lotado, vencido pelos gaúchos por 2 a 1. Mas como jogou bola o novo camisa 10 colorado!

E pelos dois anos seguintes, ele fecharia o melhor meio de campo que eu vi no Leão Baio. Três craques, estilistas, complementares entre si: Bin, João Carlos e Jurandir. Se dos anos de Grêmio a lembrança mais famosa de Jurandir foi ter imposto a Falcão a marcação mais cerrada da história dos Gre-Nais, em Lages, sua função foi outra, a de regente da orquestra colorada que em 1985 ganhou a Taça Dite Freitas, cuja escalação ainda é música para meus ouvidos: Chicão, Alves, Cedenir, Aloísio e Dodô; Bin, João Carlos e Jurandir; Otávio, Calada e Mané.

Dribles curtos, passes longos, chutes precisos. Tardes de domingo, noites de quarta-feira, como era bom ir com meu pai ao Vidal Ramos para ser hipnotizado pelo futebol de Jurandir. De todos os gols que não me saem da memória, dois são de Jurandir na campanha da Dite Freitas: chute no ângulo esquerdo nos 3 a 2 contra o Próspera, justamente o gol da virada de um jogo que perdíamos por 2 a 0; e uma arrancada épica nos 3 a 0 contra a Chapecoense, parecendo flutuar na lama do domingo chuvoso, conduzindo a bola até desviar contra a saída do goleiro Ivo. (E se nenhum desses ficou eternizado em vídeo, ainda tenho em VHS o gol que ele marcou contra o Blumenau no Sesi, na mesma Dite Freitas, com a mesma categoria que era sua assinatura.)

Em 1986, quando se anunciou que o Inter não renovaria o seu contrato, fui até o Vermelhão para pedir um autógrafo pela primeira vez na vida. Ele riu, disse que não lembrava mais a última vez que havia recebido um pedido daquele. Ganhei o autógrafo, uma camisa 10 colorada e um abraço que guardo até hoje. "Obrigado, guri", disse ele. Aquilo ficou ecoando na minha cabeça. No ano seguinte, jogando pelo Hercílio Luz, ele fez um gol contra o Inter e não comemorou. Parecia estar dizendo, outra vez, obrigado, guri.

E agora, 35 anos depois de eu ter visto pela primeira vez Jurandir de Andrade Arrué com a camisa do Inter, quando chega a notícia de que o câncer no fígado o levou aos 67 anos de idade, eu queria poder voltar para aquela tarde no Vermelhão quando ganhei o autógrafo, a camisa e o abraço, quando me faltou a voz porque eu estava engolindo o choro, para poder dizer o que eu gostaria de ter falado todas as vezes que o vi jogar:

Obrigado, maestro.

*Mauricio Neves de Jesus é o autor de "Aquelas Camisas Vermelhas", livro que conta a história do Inter de Lages

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