A estreia de Felipe Favero no futebol profissional valeu pelo sonho de dois irmãos. Na vitória por 2 a 1 contra o Figueirense na terça-feira (10/10), pela sexta rodada da Copa Santa Catarina, o volante do Inter de Lages entrou em campo aos 28 minutos do segundo tempo para alcançar o que ele e seu irmão mais velho tanto desejavam.
"Quando entrei em campo, ele foi a primeira pessoa em quem eu pensei', diz Felipe sobre Léo, que faleceu há oito anos. "Ele sempre está comigo".
Leonardo de Paula Oliveira, o Léo, era zagueiro da equipe sub-17 do Inter de Lages na disputa do estadual da categoria em 2015. No dia 7 de agosto daquele ano, o atleta sentiu-se mal após um choque com um adversário na partida contra o Metropolitano, em Blumenau, e foi levado imediatamente a um hospital, mas não resistiu. Após a fatalidade, clubes, torcedores e amantes do esporte de todo o país enviaram manifestações de pesar à família, aos amigos, ao Inter de Lages e à torcida colorada.
A perda não tirou a fome de bola do caçula. Felipe, que já disputava competições no futsal, foi selecionado tempos depois em uma peneira do Colorado Lageano e migrou para o futebol de campo. O sonho dos dois irmãos seguiria com ele.
Luis Felipe de Paula Favero - que, na base do Inter, ainda era conhecido como Lipe - defendeu o clube no Campeonato Catarinense Sub-15 de 2018. Nesse mesmo ano, ele transferiu-se para o Avaí, onde se desenvolveu como atleta e conquistou títulos, entre eles o estadual sub-20, há dois anos.
A trajetória dos irmãos Favero teve sempre o apoio entusiasmado de seus pais, Isabel de Paula e Gilmar Favero. O "Alemão da Caçamba", como o pai dos meninos é conhecido em Lages, atuou no futebol amador como lateral e atacante - e costumava ser bastante enfático, por assim dizer, quando ia apoiá-los nos jogos. "Meu pai estava sempre na tela, na rede, xingando o juiz, xingando o bandeirinha, mas sempre torcendo pela gente", conta Felipe, entre risos.
O futebol também tem unido a família na torcida pelo Inter de Lages. "Sempre fomos ao estádio para acompanhar o Inter, desde pequeninhos", diz o volante colorado, de 20 anos, cedido por empréstimo pelo Avaí até abril de 2024.
Uma aspiração, a de atuar no futebol profissional, já se tornou realidade. O que mais virá? "Tenho vários objetivos: ganhar títulos, jogar fora do país, mas o maior deles é, um dia, vestir a camisa da seleção brasileira", afirma. Que assim seja.