CRAQUE DE HOJE: ÁUREO
O franzino Áureo Agostinho Arruda Malinverni gostava de jogar descalço para não perder a sensibilidade dos pés ao tocar a bola. Foi desse jeito, disputando peladas no antigo Campo dos Padres, no bairro da Brusque, ou no Areião de Copacabana (futuro Estádio Vermelhão) que Áureo desenvolveu sua habilidade. Ela o levou aos juvenis do Internacional de Lages - e à seleção brasileira.
Áureo foi um dos principais nomes da lendária equipe de juvenis montada pelo Colorado Lageano na década de 50. Aquele time, liderado por Rogério Ramos, assumiu as vezes de equipe principal em 1955, quando uma debandada do time adulto não deixou ao clube outra alternativa que não fosse antecipar a promoção dos garotos. Unidos, os juvenis impediram que o Inter de Lages fechasse as portas - e, dois anos depois, levaram o clube a disputar pela primeira vez o Campeonato Catarinense.
Entre 1952 e 1958, Áureo formou-se jogador no Inter de Lages. Ele deixou o clube para defender o Flamengo de Caxias (atual Caxias) na segunda divisão do Rio Grande do Sul, da qual acabou campeão. De Caxias do Sul, o ex-centro-médio (ou volante, segundo a nomenclatura atual), já encorpado e transformado em quarto-zagueiro, seguiu para o Grêmio, no qual ganhou o status de lenda.
Entre 1961 e 1971, Áureo disputou 342 jogos pelo Grêmio. Em um dos grandes esquadrões montados pelo tricolor porto-alegrense, Áureo foi heptacampeão gaúcho, nq sequência ininterrupta entre 1962 e 1968.
Nesse intervalo, Áureo foi convocado duas vezes para a seleção brasileira. A primeira, em 1966, foi para a disputa da Taça Bernardo O'Higgins, disputada em dois jogos entre as seleções brasileira e chilena. Áureo foi o capitão da seleção (formada, excepcionalmente, por jogadores que atuavam no Rio Grande do Sul) nas duas partidas, que tiveram um vencedor cada uma (o título do torneio acabou compartilhado pelas duas seleções). Depois, em 1967, Áureo foi convocado para mais um torneio pela seleção, a Taça Rio Branco.
Em 1971, aos 32 anos, já consagrado, Áureo retornou ao Inter de Lages para defender mais uma vez o clube em que aprendeu a jogar. Sem que lhe pedissem, o craque impôs uma condição para o retorno: não queria receber salário. Seria uma forma de retribuir a carreira - e a vida - para a qual o Colorado Lageano lhe abriu as portas. No jogo do retorno, a torcida colorada recebeu do imortal Áureo mais um presente: dois gols na vitória do Inter contra o Hercílio Luz por 5 a 1.
SÉRIE "O INTER DE LAGES E A SELEÇÃO BRASILEIRA"
Capítulo 1 - Esnel, do Inter de Lages para o mundo
Capítulo 2 - Áureo, um lageano capitão do Brasil
Capítulo 3 - Andrade, craque canarinho e colorado
Capítulo 4 - Adílio, o colorado fugaz
Capítulo 5 - Vitor, a estrela no ano do quase
Capítulo 6 - Mica, Pedro Verdum, Erlon e Tácio: de promessas a realidade