O trabalho de reorganização administrativa e financeira do Internacional de Lages, iniciado em 2013, só tem sido possível porque o clube não jogou para debaixo do tapete antigos débitos da instituição. Só em dívidas trabalhistas - algumas com mais de duas décadas de existência -, o clube pagou mais de R$ 100 mil desde o ano passado. Os pagamentos são referentes a acordos e depósitos judiciais firmados com esses antigos credores.

Na última sexta-feira, o clube cumpriu mais uma vez o acordo com a Justiça do Trabalho, fechado em 2013. Segundo esse acordo, o Inter precisa fazer depósitos mensais em uma conta aberta para posterior rateio entre os credores. Além dos depósitos mensais, o clube se comprometeu a destinar um percentual da renda das partidas do Inter em casa.

Em 2014, os credores e seus advogados deram mais uma demonstração de boa vontade com os esforços do clube e aceitaram receber boa parte dos pagamentos de uma só vez, com data limite de 10 de dezembro. O Inter fez parte do depósito na data-limite, mas recebeu um novo voto de confiança ao ganhar mais dois dias para quitar o restante. O pagamento foi completado na sexta-feira.

O rateio dos valores foi definido pelos advogados dos credores, em conjunto com a Justiça e com a diretoria do Inter. Nos próximos dias, nada menos que 16 ex-funcionários do Inter receberão o que o clube lhes deve. Nessa primeira leva, serão quitados os acordos de menor valor. De uma só vez, o clube ficará em dia com essas 16 pessoas - que, com o acerto, terão um dinheiro extra para as despesas de fim de ano.

Trata-se de uma vitória não apenas para essas pessoas, mas também para o clube. Afinal, até o início do atual processo de recuperação do Inter de Lages, não havia perspectiva de solução para esses antigos débitos. Sob a gestão encabeçada pelo presidente José Carlos Susin, o clube fez questão de negociar com os credores trabalhistas antes mesmo de entrar em campo.

Sandro Ribeiro é o advogado que encabeçou as tratativas com os credores trabalhistas em nome do Internacional. A Justiça do Trabalho de Lages, que compreendeu a nova realidade do Inter, acreditou na proposta e foi decisiva para que o clube tivesse a chance de começar a acertar as dívidas antigas sem comprometer suas atividades atuais.

Embora seja um dos clubes mais antigos de Santa Catarina, o atual momento administrativo do Inter de Lages é recente. Como em qualquer empreendimento em fase inicial, portanto, o clube ainda é deficitário e está sujeito a contratempos. Mas uma coisa é certa: se o clube assumiu a postura de renegociar - e pagar - débitos que remontam ao começo da década de 90 (algumas dessas dívidas, aliás, são do SER Inter, que entrou em campo de 2000 a 2002), essa postura é ainda mais firme para débitos mais recentes.

No Inter de Lages atual, a expressão "questão de honra" realmente tem significado.

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